Juliana Trintin

Marcas Não São Custos — São Ativos: O Verdadeiro Papel dos Ativos e Habilidades na Estratégia Empresarial

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“O que uma empresa tem — e sabe fazer melhor que os outros — é o que define seu sucesso no longo prazo.”


Esqueça Apenas o Lucro Rápido. Pense Como Dono de Ativos.

Em tempos em que gráficos trimestrais ditam o rumo de decisões empresariais, é fácil esquecer que o verdadeiro valor de um negócio está nos ativos e nas habilidades que ele constrói e sustenta ao longo do tempo.

Um ativo não é apenas uma máquina ou um prédio. É uma marca poderosa, uma localização estratégica, uma rede de distribuição confiável. E uma habilidade não é apenas uma função operacional. É a capacidade de criar campanhas impactantes, desenvolver produtos melhores ou entregar experiências únicas.

É exatamente isso que diferencia empresas comuns de empresas imbatíveis: a capacidade de investir, proteger e evoluir seus ativos e habilidades estratégicas.


Ativos e Habilidades: Os Pilares Invisíveis do Sucesso

Vamos separar os conceitos:

  • Ativo estratégico: algo que a empresa possui e que é difícil de replicar — como uma marca consolidada, uma base de dados exclusiva, ou até mesmo a confiança do mercado.
  • Habilidade estratégica: algo que a empresa sabe fazer melhor do que os concorrentes — como logística de classe mundial, excelência em design de produto, ou uma cultura organizacional que inova com consistência.

Empresas que se destacam têm clareza sobre quais são seus ativos e habilidades-chave — e investem nelas como quem alimenta a raiz de uma árvore.


Por Que É Tão Difícil Proteger o Intangível?

Todos entendem que um galpão ou um maquinário precisa de manutenção. Basta olhar a depreciação no balanço contábil. Mas e a sua marca? A reputação do seu atendimento? A experiência acumulada da sua equipe?

Esses são ativos intangíveis, e justamente por isso, mais vulneráveis. Como não aparecem na contabilidade tradicional, são os primeiros a serem negligenciados em tempos de corte de orçamento.

Uma marca forte, por exemplo, não quebra do dia para a noite. Mas ela se desgasta silenciosamente quando o foco se volta apenas ao operacional, ao curto prazo e às metas de venda imediata.


A Marca: Seu Maior Ativo Não Contabilizado

Sua marca é um ativo. Talvez o maior que sua empresa tenha.

Ela representa confiança, valor percebido, reconhecimento, diferenciação. Ela é uma promessa que você faz — e precisa cumprir.

No entanto, muitos gestores exploram a marca em vez de nutri-la. Esticam demais com extensões de linha mal planejadas, associam-se a canais de distribuição de baixa reputação ou embarcam em guerras de preço que diluem o posicionamento.

É como cortar uma floresta inteira para lucrar rápido… sem perceber que aquela floresta era o seu maior ativo de longo prazo.


O Perigo das Eficiências Vazias

Empresas com forte cultura de eficiência — focadas em corte de custos e otimização extrema — frequentemente esquecem de olhar para a marca como um organismo vivo.

Ao tentar reduzir custos em marketing, design, publicidade ou atendimento, muitas vezes comprometem a percepção de valor do cliente. A eficiência operacional, sem estratégia de marca, pode virar um tiro no pé.


Publicidade Não É Gasto: É Investimento em Marca

A publicidade, frequentemente vista como “despesa”, é uma das ferramentas mais potentes para construir valor de marca.

Um estudo famoso da IRI revelou que campanhas publicitárias intensas geravam resultados visíveis até dois ou três anos depois de sua veiculação original — mesmo que não mostrassem impacto imediato no primeiro trimestre.

O que isso significa? Que avaliar o sucesso de uma marca apenas com base no trimestre atual é como julgar o potencial de uma árvore olhando para uma semente recém-plantada.


A Urgência de Medir o Intangível

Se queremos que os gestores tratem marcas como ativos, precisamos aprender a medi-las como ativos.

Algumas perguntas-chave que toda empresa deveria se fazer:

  • Quais ativos intangíveis estão gerando valor real para meu negócio?
  • Que habilidades nos tornam únicos frente à concorrência?
  • Como minha marca está sendo percebida ao longo do tempo?
  • Quanto vale um aumento de 10% em lembrança de marca?
  • O que aconteceria se eu parasse de investir em branding por dois anos?

Sem essas respostas, decisões continuarão sendo tomadas com base em pressões momentâneas — e o valor da marca, inevitavelmente, irá se deteriorar.


Conclusão: Marcas Fortes São Construídas com Visão de Longo Prazo

O caminho do crescimento sustentável não está nas promoções de preço, nem nos atalhos de marketing oportunista. Está na construção intencional de ativos e habilidades únicas, com paciência, consistência e coragem estratégica.

Tratar a marca como um ativo é mudar o eixo de pensamento do “quanto eu ganho esse trimestre” para “o que estou construindo para os próximos 10 anos”.


Sua marca é um bem. Proteja-a. Invista nela. Porque, no final, o que sua empresa realmente possui não é o que ela vende — é o que ela representa.

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